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Branca de Neve e outras experiências radicais no cinema

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Última edição por ... em Qui Set 05, 2013 2:10 am, editado 1 vez(es)

MikieG



Bem eu já expressei a minha opinião sobre o assunto. Para mim Branca de Neve é um audiobook e Empire é uma fotografia... pode ser arte e quanto a isso não vou discutir até porque não sou bom entendedor (apenas um cinéfilo), mas filme não é...

Ver branca de neve como um filme é como ler um livro sem palavras, ver uma fotografia ou uma pintura q seja uma tela branca, ouvir uma música que é apenas silêncio..

Apesar de não ser fã de JCM como artista (e muito menos como homem porque acho o senhor um pseudo-intelectual com a mania que sabe mais que os outros) admito que, por exemplo, "recordações da casa amarela" é um filme muito bom, não chegando à mestria de Vale Abrãao ou Aniki Bobo, mas ainda assim uma das melhor obras do cinema português. Já as bodas de deus ou a comédia de deus não sou fã... agora não posso admitir que "branca de neve" seja um filme, falta-lhe uma coisa essencial...... imagem, cinematográfia... aquelas coisas que definem um filme.

Um audiobook? Sim
Uma peça de arte? Talvez
Um filme? Nunca

Santos



EINSTEIN, - O TAL QUE, ENQUANTO PROFESSOR, NO INÍCIO DE CADA ANO LECTIVO PROCURAVA DESPERTAR O INTERESSE DOS SEUS ALUNOS PARA AS ARTES - CONVOCO-O PARA AQUI, TOMANDO-LHE DE EMPRÉSTIMO A SUA INCONTORNÁVEL "TEORIA DA RELATIVIDADE" (UM TIRO NO DOGMATISMO)PARA PODER DIZER QUE, ETIQUETAR UMA OBRA DE ARTE COMO EXPERIMENTAÇÃO RADICAL, PODE ATÉ SER UMA EXPRESSÃO VAZIA DE SENTIDO , NA LEITURA DO SIGNIFICANTE QUE A OBRA REPRESENTA. É RELATIVO, DEPENDE APENAS DO PONTO DE VISTA QUE O OBSERVADOR ASSUME.

PODEMOS CONSIDERAR UMA OBRA DESSA FORMA (EXPERIMENTAÇÃO RADICAL) APENAS NO SENTIDO DA PERCEPÇÃO SENSORIAL, PELO SENTIDO DE ESTRANHEZA QUE ELA PODE SUSCITAR.

"BRANCA DE NEVE" PROPORCIONA UMA EXPERIÊNCIA FORMAL A QUE O ESPECTADOR DE CINEMA SE OPÕE, PELO SIMPLES FACTO DE TEREM AMPUTADO AO FILME O SEU ELEMENTO MAIS ESSENCIAL: A SUCESSÃO DE IMAGENS.

"BRANCA DE NEVE" NÃO É UM FILME SOBRE AQUILO QUE SE PERCEPCIONA VISUALMENTE; O REALIZADOR EXPLICOU QUE PRETENDEU TRABALHAR SOBRE UM TEXTO POÉTICO E DAÍ TER
DISPENSADO A IMAGEM: "...A POESIA NÃO SE FILMA.", REMATOU CÉSAR MONTEIRO.

O QUE ESTÁ EM CAUSA É O POSICIONAMENTO DO ESPECTADOR NUM SALA DE CINEMA, COMPLETAMENTE ESCURA, SEM TER ONDE FIXAR O OLHAR, INQUIETO, DESCONFORTÁVEL.

NUNCA, EM FILME ALGUM, A PALAVRA TERÁ CHEGADO AO OUVIDO DO ESPECTADOR DE CINEMA, TÃO DESPIDA DA "MULETA" DA IMAGEM, TÃO NO SEU ESTADO PRIMORDIAL, TÃO PURA. E QUE LOCAL MAIS APROPRIADO PARA ISSO DO QUE UMA SALA ESCURA?
CONCLUO, POIS, QUE O SENTIDO DESTA PELÍCULA SE CONCENTRA NA ATENÇÃO À PALAVRA, À SUA COR, TONALIDADE, RITMO, MUSICALIDADE.


DE WHAROL, AO LEMBRAR-ME, LOGO ME LEMBRO DE JOHN FORD. LIGAÇÕES PERIGOSAS?
PODE ATÉ SER QUE SIM, SE NÃO SE SALVAGUARDAREM AS DEVIDAS DISTÂNCIAS; SÃO CONTEXTOS DIVERSOS, EU SEI, A CUPA É MINHA QUE ME ATREVO A FAZER A PONTE.


(C0NTINUA...EM TEMPO OPORTUNO)

MikieG



"BRANCA DE NEVE" NÃO É UM FILME SOBRE AQUILO QUE SE PERCEPCIONA VISUALMENTE... acho que esta frase diz tudo... um filme é uma coisa visual... é como dizer ah branca de neve é um livro que não se percepciona a ler... ou branca de neve é uma música que não se percepciona a ouvir......... enfim..

Já agora, não é para embirrar mas talvez a proxima vez que escreveres escreve sem ser tudo em maiusculas... torna-se dificil de ler. Wink

Xavier Liberto Beco

Xavier Liberto Beco

O príncipe estrangeiro: “Mas olha, vê com os teus próprios olhos.
Branca de neve: “Não, diz, o que vês? Diz logo. Através dos teus lábios deduzirei o bonito desenho desse quadro. Se o pintasses, por certo atenuavas habilmente a intensidade da visão. Então, o que é? Em vez de olhar prefiro escutar.”

Não é preciso esperar muito, surge aos dezassete minutos o excerto que transcrevo. Quem para isso estiver disponível talvez encontre nele o sentido daquilo que aqui se discute, como enquadrar, a que se propõe, terá legitimidade para existir, o filme de João César Monteiro.

Quem se interesse pelo trabalho do realizador sabe da perturbação, da inquietação que o acompanhavam. Sabe que era da escuridão que ele arrancava os seus filmes. Estes começavam como esboços falhados de onde ele, às apalpadelas, ia retirando a luz, reescrevendo, encontrando o resultado final. Mário Barroso, o seu director de fotografia, conta que os seus filmes estavam a tornar-se cada vez mais negros. Que ele sentia esse pesar, mas não conseguia fugir-lhe. Branca de neve surge no meio de alguma convulsão pessoal, João César Monteiro começava a fundir-se nas suas personagens.

A fita acaba por sofrer todas as consequências. A sua importância aparece quando está incluída no seu contexto, a totalidade da obra do realizador, a história do cinema. Revelador dos mecanismos da construção cinematográfica, testemunha de um processo de concepção, experiência inacabada. É um exercício extremo de esvaziamento total, redução máxima de adornos, tentativa de novo caminho. Se será um produto de experimentalismo radical falhado, concedo que sim. Não me considero um cinéfilo, ainda não, mas a minha a atracção é por cinema não por filmes. Branca de neve pode ou não ser um filme, mas é uma experiência de cinema. Falhada. Dificilmente se encontrará em Branca de neve algum factor capaz de nos exaltar os sentidos. Pode ser incómodo e difícil para o espectador, provavelmente não terá sentido. Já vi pior.

O julgamento da personalidade João César Monteiro pode não ser consensual, era uma figura incómoda, um polemista, por natureza não por necessidade de atenção. Só com má vontade, só quem não conhece os seus filmes e as suas intervenções fora deles pode duvidar disto e duvidar da autenticidade de toda aquela desordem, da sua honestidade intelectual.



[Santos, digo isto envergonhado, e desde já pedindo desculpa, mas as tuas maiúsculas fazem, realmente, algum ruído.]

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