Cinema Brasileiro.

Aqui no Brasil a moda agora é fazer do cinema um veículo para transpor para os filmes a realidade social,até certo ponto é válido, mas sempre há o risco de estereotipar e limitar a produção cinematográfica.Honestamente, o filme de recente sucesso por aqui,Tropa de Elite de José Padilha é um exemplo ruim disso;ao passo que Cidade de Deus do Fernando Meirelles consegue trazer,digamos, uma estrutura cinematográfica mais harmoniosa.Agora,temos tido produções recentes de muito refinamento,sutileza, beleza e criatividade como:
- A festa da Menina Morta,de Matheus Nachtergaele: https://www.youtube.com/watch?v=C3HDH41-bsc
- O Cheiro do Ralo,de Heitor Dahlia:
https://www.youtube.com/watch?v=stbFpnslHxk
- Feliz Natal,Selton Melo:
https://www.youtube.com/watch?v=6ulIDyktic8
- Amarelo Manga,Claúdio Assis:
https://www.youtube.com/watch?v=Jz-2lX6hiR0
- Lavoura Arcaica,Luis Fernando Carvalho:
https://www.youtube.com/watch?v=k7_NBPxinbI
- Santiago,João Moreira Salles;
https://www.youtube.com/watch?v=sVHRjoZSMeE
- O Céu de Suely, de Karim Aïnouz:
https://www.youtube.com/watch?v=oowIQS5_HiU
- Estômago,Marcos Jorge:
https://www.youtube.com/watch?v=FimMphR-rEE
Mostra que a produção brasileira é muito mais dinâmica do que uma análise precipitada de nossos sucessos de bilheteria pode sugerir.
Há cineastas brasileiros que considero indispensáveis,são eles: Luís Fernando Person,Nelson Pereira dos Santos,Rogério Sganzerla,Walter Salles(que terá seu espaço neste final de semana no My one thousand movies),Jorge Furtado,Carlos Reichenbach e Glauber Rocha.

Não é de hoje Marina, este ''cinema de favela'' já vem de um bom tempo para cá.

Gosto muito destes filmes listados por você, principalmente de Lavoura Arcáica, do Luis Fernando, que é um dos melhores filmes Nacionais que já assisti. Só discordo de Feliz Natal, do Selton, que achei um filme ruim. Peca pelo excesso em diversas cenas e pela inconsistênsia na construção de muitos personagens.

O cinema atual como fonte de representacao da realidade social e a consequencia do que e o Brasil e a posicao na qual se enquadra em sua conjuntura economico-social, que necessariamente teria que iniciar dialogo em algum momento entre o representador e a parte representada: se revelando tanto pelo carater divulgador da arte do representador quanto pela possibilidade de consumidora de arte pelo publico pagante que seria na maior parte a representada.

Vamos pegar o cinema atual. As vezes pode ser um esforco para critica sobre o pais como em Baixio das Bestas ou Central do Brasil ou sera que serve para a consolidacao de uma identidade cinematografica como se fez em Cidade de Deus? Pode ser que seja mesmo de dialogo direto com o publico de cima e de baixo e fazer sucesso por ele como Tropa de Elite? Este e o mais cotado para assumir as posicoes: de sucesso em toda favela brasileira e de critica em Berlim.

O que voces acham?

O que realmente nao sei, e se isso deve ser denominado "cinema de favela" passa a imagem de que a periferia produz os filmes e ate dialoga com a sua realidade social representada. Sera que sim? E nossos amigos cinefilos Europeus, o que acham de nosso cinema?

Abracos

Um dos maiores problemas do Cinema Brasileiro chama-se DISTRIBUIÇÃO.

Por exemplo: no caso dos editais, você pode até ganhar um edital para produzir um filme mas não sabe se ganhará um edital para distribuí-lo. Ou seja, do que adianta fazer um filme que não será visto?

No Brasil, de cada 100 filmes produzidos menos de 30 chegam ao Cinema, o que favorece o monopólio das grandes produtoras e distribuidoras, como a GloboFilmes, só para citar uma gigante.

O orçamento destinado a Cultura no Brasil é inferior a 1%.

E ainda em relação a editais públicos, existe o problema das ''cartas marcadas''.

Eu mesmo conheço vários realizadores talentosíssimos que não foram ''agraciados'' em editais e que hoje sobrevivem produzindo comerciais para TV de lojas de departamento ou de pequenos estabelecimentos de gêneros diversos.

O argumento principal do governo para justificar o irrisório investimento em cultura é o de que não há retorno. Questionam que se aumentaram a verba quantos empregos serão gerados e quanto de imposto esse aumento de investimento irá gerar.

Dizem que a cultura não se sustenta.

É triste isso.

“política de desenvolvimento deve ser posta a serviço do processo de enriquecimento cultural”, já dizia Celso Furtado, um dos maiores economistas de todos os tempos.

O que fazer então meus amigos?

Acho que o cinema tem a liberdade de fazer o que quiser.Ele pode falar de uma realidade social,sentimentos,pessoas, enfim...ele pode infinitas coisas.A questão é quando a produção cinematográfica começa a ficar atrelada a um só tema ou estrutura como é o caso dos últimos filmes de sucesso no Brasil.
Acho que o termo " cinema favela " pode soar pejorativo,superficial e equivocado.E até que ponto há diálogo entre o representador e a parte representada?O cinema,para mim,não é a transcrição da realidade : É sempre a visão de alguém sobre determinada coisa e ele usa todos os instrumentos que a linguagem cinematográfica lhe proporciona para criar um universo que pode até remeter ou se aproximar da realidade,mas dificilmente será o mundo real nu e cru.Ou seja,sempre será uma visão limitada,mas nem por isso tão infiel,desta tão comentada realidade social.Há uma procura em demasiado por esta identidade nacional e acho absolutamente desnecessária,pois há sempre o perigo de reificar e estigmatizar a produção.Façam filmes,muitos filmes o resto é consequencia.Agora,é inegável que há um mercado muito frutífero para as produções que se propõe " retratar " a realidade social,afinal,o apelo popular é enorme.Então,e isto é o meu temor,para se fazer sucesso no Brasil há de se escolher entre produção novelescas da globo filmes ou o Bang Bang nas favelas.Não estou dizendo que a nossa situação econômica não influencia e muito nas produções,mas pq fazer isso sempre da maneira mais apelativa possível?Isto para mim é de um oportunismo descarado e imbecil: É fácil falar de pobreza num país pobre.Se quiser enfocar a pobreza ou a realidade social ou algo desta natureza não precisa fazer apenas de uma forma,há tantas outras...

Por isso que entro em qualquer forum que deseja enriquecer nossas interlocucoes. E sempre bom discutir e nao so baixar filmes.

Otimo Marina, adorei a interpretacao do cinema como sendo sempre representacao de um ponto de vista. Acho que nao seria nem interpretacao, mas um fato. O que nao se deve mesmo e estereotipar a producao, como vemos em diversos filmes por ai.

Boa Murilo! Concordo com voce sobre o temivel e delicado tema: o que e ser cineasta no Brasil? Da mesmo pra ser cineasta no Brasil? Cada um deve ter seus amigos ou conhecidos com otimas ideias e que nao tem nenhum espaco. Essa questao da oferta e da demanda cinematografica e sempre muito complicada.

O consumo cinematografico em nosso pais (pode ser que no mundo todo tambem, mas tenho duvidas) tenha a dificuldade de conciliar o consumo de otimas producoes nacionais com os blockbusters americanos (e nao estou estigmatizando, acho-os ate necessario e em outra hora digo porque). Pois todos aqui sabem que a bilheteria do E Se eu Fosse Voce 2, nem chega aos pes de um Homem Aranha. E ai e que cai exatamente na questao do Murilo.

Mas entao amigos, O que fazer? O povo tem que se educar para assistir filmes nacionais? Ou as producoes devem se adequar ao que gera lucro para concorrer (se possivel!) com os Blocks?

Eu não sei se conhecem este blog, mas é exelente: http://filmesbrasileirosdownload.blogspot.com/

Pena que alguns links estejam apenas para o emule ou torrents, mas mesmo assim tem muita coisa.
Eu não tenho posto filmes basileiros no My One Thousand porque há muitos disponiveis espalhados pela blogosfera, e eu não gosto de repetir o que os outros fazem. Mas em breve vou fazer mais ciclos, e o próximo há-de ser do Glauber Rocha.
O cinema portugues por sua vez, é muito raro de se encontrar. Muitos dos que tenho no meu blog foram um verdadeiro achado quando os encontrei, e muitos fui eu mesmo que comprei.

Chico, a sua singularidade comeca exatamente ai, demonstrar o que nao e obvio e perceber que ainda ha muito a ser feito. Nesse sentido voce vai na contramao sempre a esquerda do senso comum, pois de que adianta postar tudo que e postado em qualquer lugar a qualquer hora? Seu blog o My One Thousand Movies e um veiculo impressionante e voce Chico e sem duvida impressionante, pois voce mesmo baixa, faz upload, faz resenha e putz faz ate legenda, somente para que nos conhecamos mais producoes desconhecidas, novas e impares. Ou seja, pelo simples prazer de mostrar cinema.

Porra, Chico. Como dizemos no Brasil, Voce e o Cara!

Aqui no Brasil ha muito pouco ou quase nada sobre a cinematografia Portuguesa, desculpe-me pela ignorancia, mas so conhecia Manoel de Oliveira e Maria de Medeiros. So agora na minha faculdade estamos com um ciclo sobre o Joao Cesar Monteiro e putz que cineasta! Seria legal mais cinematografia Portuguesa! Alias, agradeco pela dica do blog de filmes brasileiros.

Assino embaixo do que o Tiago escreveu, o Chico faz um grande trabalho com este Blog.

Obrigado pessoal.
Eu tinha respondido aqui sobre o cinema portugues mas a resposta desapareceu.
Em relação ao cinema portugues, para mim os grandes nomes do momento são o Pedro Costa e a Teresa Vilaverde. Tenho vários filmes do Pedro Costa no blog e em breve vou ter mais.
Depois houve duas primeiras obras muito boas, que para mim estão no top 10 dos melhores filmes portugueses de sempre, possivelmente. É o "Coisa Ruim" e o "Alice". Também estão os dois no blog.
Infelizmente a produção portguesa, em regra geral é mediocre...